O espectro do sonho - (e a vertigem de acordar)Páginas

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A CLARIDADE QUE ILUMINA O DIA E DECIFRA O SONHO (e o ato de chorar)









Como podemos saber se vamos poder mirar os deuses? Os deuses emaranhados na teia Augusta. Seus gemidos de lentidão atestam o desconforto de estarem imobilizados nos fios do tecido eterno... Quando saímos, às ruas, anônimos na multidão que se engolfa em dias mortos de afazeres totalmente diários, olhamos para um céu baixo de azul que se perde em nuvens  de branco esfumado, esse céu ínfimo de esperança, atravessa toda a extensão de nosso olho e se dilui nas nuvens definitivas... Os deuses se ocultam nesse arco azul.... A multidão, como um rio barrento, desce as ruas e nas curvas se debate...
Que olho teceremos na cavidade ocular vazia que ostentamos? Os deuses escondem em si tudo que é mortal de infinidade... A multidão se agita nas ruas, praças, naves de aço, lagos estagnados... Flores falseadas brotam no pavimento de concreto... Homens nascidos da decrepitude governam o mundo... Seus olhos pendem nas paredes do poder.... O poder e sua afirmação.... O poder e o homem. O fantoche.
As portas estão aqui para sempre. Cidades fendidas exalam seu odor...
Sentimento brasileiro.
Um pássaro; uma criança de olhos livres dos grilhões aponta para a fenda no céu e exclama: “Um deus está ali!”
Três vezes desiguais, mais uma; entremos nessa fenda; enchamos nossos copos e brindemos esta hora até a madrugada dos nossos dias...
Nosso olho clarificado, enfim vê; um deus está ali...




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