O espectro do sonho - (e a vertigem de acordar)Páginas

domingo, 19 de junho de 2011

As imagens e seu conteúdo simbólico

Pra que quando me perguntassem o significado de tais imagens; e eu, por estar vivendo outra realidade que,  por mim não  escolhida, outra não me teria sido ofertada gratuitamente, ou antes, imposta pelas escolhas que eu próprio as não tivesse feito, eu me calaria em poucas palavras.

Mesmo assim, quando se me perguntassem insistentemente, eu teria, mesmo calado em poucas palavras, algo a oferecer sobre o significado de tais imagens. E juntos choraríamos a certeza de descobrir que a verdade estaria oculta onde não a procuramos. Esse acontecimento, por si só, já nos confrangeria. Portanto, fato dado, dou o testemunho da veracidade das conclusões hipotéticas que se me ocorreram, enquanto acordado, sonhando sonhos que eu próprio desconhecera por absoluto desconhecimento do que me vai n’alma.

Isso é um assunto que a mim não pertence. Deve estar oculto debaixo das pedras em que eu tropeçaria. As coisas estão ali... e Dalí pertencem...

1.      A linha do horizonte: símbolo da procura do olho queimado por um momento de descanso.

2.      Figuras amorfas: a dor causada pela realidade.

3.      Esferas e círculos: desejo de ausência. A lembrança e todas suas conseqüências.

4.      Aglomeração de formas amarradas: pavor de multidão, desejo de isolamento, a angustia sentida quando se encontra o que não é.

5.      Imagens dentro de imagens: desejo de esquecer o que não se quer.

6.      Claro-escuro: Suprema solidão. Entre os deuses e demônios a existência de nós mesmos.

7.      Distância entre pontos visíveis e invisíveis: o exato momento do esquecimento.

8.      Nuvens desenhadas: Barcos que flutuam no céu como se fossem sombras brancas. O essencial. O imponderável.

9.      Formas em estado de levitação: a arquitetura da poesia pintada em seu estado mais absoluto e primitivo.

10.  Personagens alados ou com seios: fome indescritível. As deusas da antiguidade, aladas e de seios fartos, talvez aplacassem essa fome.

11.  Sombras projetadas em qualquer superfície: a linha divisória entre a verdade absoluta e o segredo mais indecifrável do universo. As sombras projetam o terrível nano – segundo da escolha que tem que ser feita agora. As nuvens não são sombras; são manchas que flutuam no céu esbranquiçado pelo esquecimento.


12.  Atmosfera árida: a derrota primeira. Irreparável. Persistente. Sensação absurda de tentar respirar o ar no vácuo do lamento mais profundo e impronunciável. O Nada mais perverso e insubstituível. A ausência de todas as coisas...

2 comentários:

  1. "12. Atmosfera árida: a derrota primeira. Irreparável. Persistente. Sensação absurda de tentar respirar o ar no vácuo do lamento mais profundo e impronunciável. O Nada mais perverso e insubstituível. A ausência de todas as coisas..."

    Estar ausente, dias de tão vasta solidão.Onde encontrar-se a si mesmo, se não há mais nada, além de espelhos trincados e rostos distorcidos?Não estar mais em si, em lugar nenhum...Onde estar, frente ao tempo de todos os lamentos? No vale hipnótico do louco amor que te lacera a alma, na busca do que não está em nenhum lugar.
    Estar solidão.

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  2. Oi Iberê Rodrigues. Meu nome é Pablo, moro em Los Angeles e tenho um amigo que queria conversar sobre o seu trabalho. Meu email é r.pablogomez@gmail.com.
    Se possível, entre em contato por favor.
    Obrigado e até breve.

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